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CFP: “Crianças desviadas, sexualidades monstruosas, educação pervertida: paisagens alteritárias das infâncias”, dossiê da revista Periódicus.

Crianças desviadas, sexualidades monstruosas, educação pervertida: paisagens alteritárias das infâncias. Esse é o título-tema do próximo dossiê (o nono) da Periódicus, revista de estudos indisciplinares em gêneros e sexualidades. Desta vez o dossiê será organizado pelos pesquisadores Alexsandro Rodrigues (Ufes), Jésio Zamboni (Ufes), Leonardo Lemos (Unesp), Marcelo Santana Ferreira (UFF) e Raquel Salgado (Ufmt)

Os textos para o dossiê, que foi pensado antes da censura às obras da exposição Queer Museu (foto), devem ser enviados até dia 28 de fevereiro de 2018. A revista aceita textos para a sessão livre em fluxo contínuo. Todas as propostas devem ser enviadas exclusivamente através do sistema do site da revista (clique aqui). As pessoas autoras devem observar as normas de submissão (clique aqui).

A oitava edição da revista, com o dossiê Cidades dissidentes, organizado pelos pesquisadores Helder Thiago Maia (Universidade Federal Fluminense), Matheus Araujo dos Santos (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Pablo Assumpção (Universidade Federal do Ceará), deverá ser lançado até o início de dezembro de 2017.

Em 2017, a Capes avaliou a Periódicus pela primeira vez e a revista ficou com os conceitos B2 em três áreas (Interdisciplinar, Educação e Ensino) e B3 em Sociologia, Psicologia e Artes. A revista Periódicus é uma publicação online do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS), da Universidade Federal da Bahia, editada pelos professores Leandro Colling (UFBA) e Carlos Henrique Lucas Lima (UFOB).

Dossiê Crianças desviadas, sexualidades monstruosas, educação pervertida: paisagens alteritárias das infâncias

Há limites a serem considerados quando se trata de pensar a sexualidade na escola, especialmente em relação às crianças. Como derrubá-los? Essa é a questão proposta aos trabalhos que deverão compor esse dossiê. O mais terrível assombro do ideal educativo na modernidade parece se encontrar na junção entre sexualidade, educação e infância. Nessa encruzilhada, o futuro da sociedade se desvirtua; aprende-se o que não se deve. O anjo de candura cai, torna-se um terrível diabinho. Provoca-se um desvio da rota do desenvolvimento, marcado pela teleologia imposta à vida humana, muito bem desenhada pela tradição do saber psicológico. O script que a criança deve cumprir é a do progresso com vistas ao adulto adaptado, autossuficiente, racional, produtivo, competente e empreendedor. Essa teleologia é sustentada por uma ontologia centrada na heterossexualidade masculina branca e burguesa, que se consolida como “substância humana” e institui um “dever ser”, no qual se pautam políticas educacionais, concepções e práticas pedagógicas. Nessa lógica, não nos surpreende, portanto, depararmo-nos com a centralidade dos discursos do desenvolvimento linear e das aprendizagens indispensáveis em se tratando da educação escolar das crianças. As tentativas de inclusão da criança demônia na escola não são quase nada se a lógica educativa por inteiro não for perturbada pela abjeção. Meramente adaptar as crianças desviadas ao educar hegemônico é recair no processo de infantilização que torna a todos subordinados à ordem social estabelecida. Como as crianças escapam dos processos de normalização? Como os discursos das crianças, as experiências e culturas que compartilham se apresentam como alteridade a esse “dever ser”, que perpassa a rota única do desenvolvimento e é assumido como fundamento de práticas pedagógicas? Por quais vias elas se recusam a se conformar ao modelo de “criança boa e educada”, projetada no futuro como o “bom adulto”, com competências para o exercício da cidadania perfeita e esperada? Como as crianças destroem as idealizações dos adultos sobre elas? As saídas que essas questões suscitam são múltiplas, decorrentes da intensa inventividade que constitui a criança como metamorfose contínua. O dispositivo pedagógico, encarregado de bloquear essas fugas, institui-se pela constante vigilância das crianças pelos adultos, sejam educadores ou familiares. Vigilância que também reverbera nas relações entre as crianças em contextos na escola e fora da escola.  Como elas burlam esse vigiar incessante? A sexualidade configura-se, nesse conjunto de problemas, como o foco de controle e a rota de fuga, a possibilidade de transgredir a norma do curso da vida, de modo a dar visibilidade a outras infâncias.  Esse dossiê é uma provocação a todxs aquelxs interlocutorxs nos/dos estudos das crianças e das infâncias a se aventurarem na problematização dos atravessamentos pedagógicos e normativos dos corpos que transbordam as normas impostas para os gêneros e as sexualidades.

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